Conhecemos o dia primeiro de abril como o Dia da Mentira, sabemos que é o dia de fazer algumas zueiras (sejamos saudáveis meu povo, perca a piada, mas não perca o amigo) em prol de umas boas risadas e que é uma data amplamente celebrada mundo afora. Aí eu te pergunto, você sabe como é o dia da mentira na França?
Para começarmos esta conversa, algo muito importante a saber sobre o dia da mentira na França é que esta data é conhecida por outro nome: “Poisson d’Avril”, que podemos traduzir por “Peixe de Abril”.
Geralmente nesta data, as crianças brincam de colar um peixinho colorido nas costas de outros colegas distraídos que caminham por aí, com ele dependurado nas costas. O evento gira em torno de “pregar uma peça” (fazer uma zueira, no bom português) em familiares e amigos (até porque é gente que entende o nosso humor, e onde conhecemos os limites, beleza?)
Ok, mas você pode estar se perguntando, porque colar peixinhos especificamente? Já já vamos chegar lá, antes é importante que você entenda qual é a origem desta data, e se prepare que lá vem um pouquinho de história.
Era Uma Vez...
Então, existem algumas controversas a respeito da localização histórica da origem do dia da mentira. Mas o marco mais difundido e aceito remonta ao século XVI, no reinado de Carlos IX (você também pode encontrar textos referindo-se a ele como Charles, mas não é multiverso).
Durante seu reinado, Carlos decidiu adotar o calendário Gregoriano (que usamos hoje), até então a contagem do ano era feita pelo calendário juliano, que havia sido criado pelo imperador romano Júlio César, no ano 46 a.C.
No calendário juliano, o ano novo (ou réveillon, para os ousados) começava junto com a primavera, as primeiras colheitas e a comemoração da Quaresma e da Anunciação da Virgem Maria. As festividades iam do dia 25 de março até o dia primeiro de abril, no qual pessoas distribuíam presentes.
Com a decisão de Carlos IX, o novo calendário determinava que o dia 1º de janeiro seria o marco do início do ano e não o dia 25 de março como acontecia na época.
(Foco que agora a história fica interessante.)
Agora, vamos ter em mente que naquela época as notícias demoravam a chegar em alguns lugares, então muita gente se aproveitou para pregar peças nos atrasados para o ano novo. Mas havia também um problema de aderência com a nova mudança, então, para alguns, este era um equívoco intencional, estes casos eram zombados pelo resto da comunidade por meio do envio de presentes falsos.
E foram a partir dessas zombarias que o dia primeiro de abril passou a ser reconhecido como o dia da mentira.
Mas, afinal, o que o que tem a ver o peixe?
Chega de enrolação, vamos entender onde o peixe entra na história do dia da mentira na França. Algumas referências associam o Poisson d’avril ao Ichthus cristão ou a um prolongamento da Quaresma.
O que faz muito sentido, dado que no período da Quaresma os católicos realizam um jejum de carne vermelha, tornando o peixe a fonte principal de proteína em sua dieta durante este período. E era um costume comum as pessoas se presentearem com peixes.
Então, no período de primeiro de abril, os zombeteiros mandavam peixes falsos as pessoas que não sabiam (ou resistiam) a mudança do calendário de ano novo, o que deu início a tradição da “plaisanterie du poisson d’avril” (brincadeira do 1º de abril).
Com o passar dos anos, as brincadeiras mudaram e se adaptaram, mas o simbolismo do peixe permaneceu. Dessa forma, durante o Poisson d’Avril, se vê as escolas invadidas por peixinhos de papel coloridos, que são pregados nas costas dos coleguinhas distraídos.
Quando a pessoa tapeada se dá conta de que está com um peixe colado nas costas, todos gritam: “Poisson d’Avril”.
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